sábado, 5 de maio de 2012

AS FADAS DOS SONHOS


Coelhinho e Ratinho estão sentados no jardim de Coelhinho, debaixo de uma macieira.
— Ouvi dizer que as fadas moram nos fundos dos jardins — disse Ratinho.
E chamou em voz alta:
— Fadas, onde estais?
— O que é que as fadas farão durante o dia? — perguntou-se o Ratinho.
— Acho que ajudam as flores dos jardins a crescer e tomam conta das abelhas e dos besouros — respondeu o Coelhinho.
— Fadas, onde estais?
Puseram-se à procura mas não encontraram nem uma.
— Se calhar estão com fome — sugeriu o Ratinho — Vamos apanhar maçãs para elas.
Então os dois amigos juntaram um monte de maçãs brilhantes e gritaram:
— Fadas, vinde buscar as vossas maçãs!
Mas não apareceu ninguém.
— Se calhar estão escondidas no cimo das árvores — disse Coelhinho. Então, os dois amigos treparam à macieira e começaram à procura. Encontraram alguns pássaros, algumas borboletas e um escaravelho, mas nenhuma fada. Ratinho e Coelhinho adormeceram e sonharam com fadas a cheirar flores e a polir maçãs.
Quando acordaram, o Coelhinho tinha encontrado uma resposta à sua pergunta.
— Acho que as fadas vivem nos sonhos — disse.
— Tens razão — concordou o Ratinho e, sorrindo, os dois voltaram a adormecer.
Moira Butterfield
The Dream Fairies
New York, Barron’s Educational Series, 2002
tradução e adaptação




O GOSTO DAS FADAS




Era uma vez uma menina que estava presa na torre mais alta de um castelo.
Ela era um princesa, mas não lhe valia de nada, porque perdera os seus pais e o reino, numa guerra que o dono do castelo, já se vê, é que ganhara.
Ainda era o tempo das fadas. Por isso a menina disse, para que as paredes ouvissem:
— Se uma fada me salvasse, fosse boa, má ou assim-assim, eu repartia a meias com ela o tesouro do meu perdido reino, que só eu sei onde está enterrado.
As paredes toda a gente diz que têm ouvidos. Estas ouviram, passaram palavra e daí a nada uma velha fada apareceu na sala.
— Vou dar volta à tua vida — disse a fada.
— És uma fada boa? — perguntou a menina.
— Nem por isso — respondeu a fada.
Era uma fada assim-assim e para provar que não era das melhores, mas também não era das piores, impôs, à partida, uma condição. Salvava a menina, mas, antes, ela tinha de adivinhar-lhe o nome. E avisou logo que não tinha um nome muito mimoso.
— Serafina — disse a menina.
Nem pensar. Não era Serafina nem Leopoldina nem Marcolina. Nem Eufrásia nem Tomásia. Nem Quitéria nem Pulquéria. Nem Aniceta nem Eustáquia nem Teodósia nem Venância nem Bonifácia nem Gregória. Nem sequer Capitolina.
A princesa esgotou os nomes mais esquisitos que conhecia. E a fada sempre com a cabeça a dizer que não. Até que propôs o seguinte negócio:
— Salvo-te, mesmo que não descubras o meu nome, mas fico com o tesouro só para mim. Todinho!
A menina concordou. Não tinha outro remédio. Vai daí a fada pronunciou umas palavras mágicas e ela e a princesa atravessaram as paredes da prisão.
Uma vez em liberdade, a princesa ensinou o local onde estava escondido o tesouro e pronto, a história acaba aqui.
E o nome da fada-bruxa?
Também a menina quis saber.
— Chamo-me Joaninha — respondeu a fada-bruxa, baixando os olhos, envergonhada.
— Mas Joaninha é um nome bonito — estranhou a princesa.
— Eu não acho — disse ela. — Gostava mais de ser Virgolina Zebedeia.
Vá lá a gente entender o gosto das bruxas.

António Torrado

www.historiadodia.pt











sexta-feira, 6 de abril de 2012

A LENDA DOS MUNDOS

Houve um tempo, quando o mundo ainda era jovem, que todos os mundos eram interligados e todas as raças viviam juntas. Homens, Elphos, Gnomos, Duentes, Gigantes, Fadas, etc. Todos pertenciam a um só reino e, se não era o mesmo reino, todos os reinos estavam interligados por portais onde se podiam entrar e sair livremente, porque todos eram amigos. A doçura, a simplicidade, a amizade eram coisas sagradas e nem era preciso ensinar isso a ninguém, porque era algo natural, fazia parte da índole de todos. Só existia uma raça que viva separada de todas as raças, eram os Djins (Génios). Era uma raça tão antiga quanto o tempo da criação. Eles eram sábios, porém invejosos e por isso mesmo queriam destruir a Grande Obra do Criador. Então o criador limitou-os obrigando-os a viver separados de toda a sua criação, presos no espaço-tempo alheios a tudo o que pudesse acontecer no seu reino. Porém um dia um Djin conseguiu escapar do abismo e foi visitar  o o reino das criaturas de Deus. Os Djins não eram criaturas de Deus, eles dormiam e foram despertados pelo Todo no momento da Criação, onde todas as energias ouviram seu chamado e se submeteram a Ele num grande estrondo AUM, AUM, AUM.... Na sua visita ao Reino o Djin que levava o nome de Egus encheu-se de inveja e revolta por ver um mundo tão lindo e cheio de cores, bem diferente das profundas trevas em que vivia... sentiu raiva de todos e queria que todos sofressem. Então foi tentar os Elphos para plantar neles a semente da destruição, mas estes eram criaturas muito divinas para se deixarem influenciar. Também não conseguiu nada com as fadas, porque eram muito puras. Prometeu riquezas aos Gnomos, mas estes já eram ricos o quanto baste... Foi então tentar o Homem que era a raça mais jovem e inocente que vivia sobre a Terra. E perguntou ao homem porque eles não eram tão belos e ágeis como os Elphos, tão ricos como os Gnomos, porque não eram tão altos como os Gigantes e nem tinham poderes mágicos como as Fadas e assim foi envenenando a alma do homem, enchendo-o de inveja... O homem então deixou de se ver a si mesmo, as suas belezas, os seus dons, as suas qualidades e só enxergava as suas limitações. Movidos pela inveja tentaram fecundar Elphas para no futuro serem uma raça mais ágil e bela, ultrajados os Elphos fecharam os portais que davam acesso ao seu reino e isolaram-se dos homens. Tentaram roubar os Gnomos e estes indignados também fecharam os seus portais. Os pequeninos duendes e anões assustados também fecharam as suas entradas. As Fadas trancaram-se porque elas só se comunicam com criaturas puras de coração. E assim todas as criaturas mágicas que antes eram amigas do homem e lhe ensinavam e mostravam coisas muito belas foram afastando-se e fechando os seus portais. Só restaram os Gigantes, mas estes foram incumbidos de procurar e enfrentar os Djins e as suas pestes e foram praticamente quase todos destruídos. Então os homens ficaram sozinhos no seu reino, que foi contaminado por Egus e ainda continua sob a sua maldição. Mas, algumas pessoas que ainda possuem doçura e amor no coração conseguem comunicar com os antigos amigos e estes às vezes ainda vêm ajudar mas raramente abrem os seus portais mesmo para as pessoas de alma pura. Infelizmente para a maioria da humanidade esta realidade está perdida no espaço-tempo das suas memórias. Os homens esqueceram dos seus antigos amigos e trancaram-se também no seu mundinho. Mas os Elphos, as fadas, os Gnomos e Duendes, não se esqueceram, eles ainda se lembram de nós e estão à espera que nos purifiquemos para tudo voltar a ser como era antes...    
Autor desconhecido
Fonte: Estórias de Lua

sábado, 28 de janeiro de 2012

POSSIBILIDADE DE SE ALCANÇAR ESTRELAS


Quando ela ainda era criança, olhava para o céu como se ele não fosse tão longe assim, olhava para as estrelas como se fosse fácil colher uma por uma e coloca-las em um cestinho feito por anjos, um cestinho próprio para estrelas e feito por anjos. Em seus sonhos ela era um anjo também, que criava um cesto gigante capaz de suportar o peso de todas as estrelas do mundo, e quando ela acordava acreditava profundamente em tudo o que tinha sonhado e tinha convicção na possibilidade de se carregar todas as estrelas do mundo.

Quando ela ainda era criança fazia do seu quarto um reino encantado e lá em seu reino ela fazia existir tudo de encantado que sua mente pudesse criar. Era tudo tão simples e tão perfeito que se confundia com a realidade da menina, e ela era realmente uma princesa quando acreditava ser uma, e ela realmente ia á lua quando se desligava disso que chamam de mundo real.

E quando ela se sentava em um canto e ficava quietinha rindo sozinha com um olhar brilhante direcionado ao nada, é porque ela estava lá em seu mundo imaginário que lhe provocava emoções tão intensas que ela não conseguia se conter e as vezes até chorava, e falava, gargalhava, dançava e vivia de verdade podendo ser ou vivenciar todas as coisas do mundo, e alcançar todas as estrelas do mundo.

Certo dia, quando ela já era um pouco grandinha lhe mostraram o que chamam de mundo real, e mostraram para a menina que ela era muito pequena e nunca poderia alcançar as estrelas do céu, mostraram pra ela que não existem reinos encantados,e que não há lugar para nada de encantado em um mundo serio e sem muitos finais felizes. A menina já crescida, acreditou, e a partir de então, recomeçou seu mundo com base nos conceitos de "mundo real", longe do alcance das estrelas e fora dos reinos encantados, e sua vida foi ficando cada vez mais cliché, e ela foi seguindo seus novos conceitos de mundo, criou uma barreira entre o possível e o impossível, e foi se limitando a fazer tudo o que uma ''pessoa normal'' deveria fazer.

As estrelas mesmo estando tão distantes sempre chamavam a atenção da menina, que depois de um tempo no mundo real quase que havia esquecido de como era bom acreditar na possibilidade de alcança-las.

Certo dia, um dia desses que era apenas para ser só mais um dia na vida da menina, ela encontrou um Senhor, um velho conhecido do tempo em que ela sonhava com estrelas, um amigo que havia lhe ensinado que o impossível só existe pra quem nunca sonha com nada, e a menina já havia esquecido das lições desse seu velho amigo.

Esse velho amigo que mesmo sem ela notar sempre esteve com ela, fez questão lhe ensinar tudo de novo, fez questão de mostra pra menina que as estrelas não eram inalcançáveis, o que acontece é que para se chegar até elas é preciso construir uma escada, e que a maioria das pessoas desistem por não terem forças para construir degraus fortes o suficiente que não quebrem no meio do caminho e não resultem em um tombo dolorido. O Senhor disse a menina que ela deveria se preocupar em qual estrela ela direcionaria a sua escada, pois ela deveria escolher apenas uma, porque se ela possuísse todas as estrelas do mundo não teria tempo para cuidar do brilho de todas e muitas se apagariam.

A menina que já vivia crendo apenas em um mundo real, disse para o seu velho amigo que nem iria tentar, já que muitos não tem força para construir degraus fortes, por que ela teria? Foi quando o Senhor, com todo o seu carinho e paciência, ensinou para a menina que a força não viria dela, mas sim das mãos Dele, que são as mãos mais fortes do mundo, que já jorraram sangue por amor a ela, que sangrariam de novo para vê-la feliz, e que não poupariam esforços para ajuda-la a alcançar a estrela que ela quisesse, ela só precisaria esquecer o mundo e esse monte de gente que não acredita em sonhos ou em coisas encantadas, ela só precisaria voltar a sonhar novamente e se dispor a construir uma escada.
(Raquel Baracho)
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